Nanã Buruquê, também chamada de mãe ou avó, é uma Orixá presente desde a criação da humanidade. Ela é a memória do povo, pois vivenciou toda a magia da concepção do Universo.
Rainha da lama, da qual se originou todo ser humano, esta Orixá é uma das mais respeitadas e também uma das mais temidas. Nanã é responsável pelo portal entre a vida e a morte, pois ela limpa a mente dos espíritos desencarnados para que eles possam se livrar do peso que sofreram em sua jornada, reencarnando sem os rastros da vida anterior. Por isso quando envelhecemos, ao decorrer dos anos começamos a perder nossa memória.
Ela viu a água ser separada da terra, e o barro utilizado para gerar a vida soprada por Oxalá. O único pedido da Orixá foi o de que após a morte, os que do barro vieram, ao barro deveriam voltar.
Os filhos de Nanã são: Iroko, Obaluaiê, Osanyin, Yewá, Omolu e Oxumaré, mas por ser a mais antiga, todos os Orixás a consideram uma mãe.
Ela também recebe os seguintes nomes: Nanã Buruku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Anamburucu, Nanamburucu ou Nanã Borodo.
História de Nanã
Há diversas histórias a respeito de Nanã antes do nascimento do primeiro filho. As mais conhecidas são:
Nanã é enfeitiçada por Oxalá
Nanã era rainha de um povo e sempre dominou o poder sobre a morte. Oxalá, desejando conquistar essa sabedoria, casou-se com ela. Porém, na relação de ambos não havia amor, e por isso o Orixá tentou se aproximar dela, fazendo um feitiço para engravidar. A magia surtiu efeito, mas seu filho Omolu nasceu com horríveis problemas de pele. Pela sua vaidade, a Orixá abandonou o bebê na praia e depois de muito sofrer, Yemanjá o encontrou e o criou como se fosse seu próprio filho. Ao saber do ocorrido, Oxalá castigou Nanã, a condenando a ter mais filhos com anomalias. Ela foi expulsa do território divino e obrigada a viver em um pântano escuro.
Oxalá entra nos domínios de Nanã
Conta-se que para punir pessoas que cometiam crimes, Nanã invocava Eguns para assustar os criminosos. Oxalá sabendo desse poder, decidiu enfeitiçá-la com uma poção do amor para que pudesse se casar com ela e assim descobrir como era feita a invocação desses espíritos. O feitiço funcionou, e a Orixá Nanã se apaixonou por Oxalá. Ele descobriu como entrar no Jardim dos Mortos vendo um dos rituais de invocação dela. Pouco tempo depois, vestido como Nanã, Oxalá foi até o Jardim e ordenou que os Eguns obedecessem ao homem que vivia com ela. A partir de então, Oxalá passou a liderar os Eguns e até hoje somente homens fazem o Culto dos Egungun.
De gênio forte, Nanã não aceita ser contrariada, não perdoa injustiças e falhas, mas como toda mãe é benevolente se preocupa com seus filhos e guarda muito amor. Conhecer Nanã Buruque é compreender e aceitar toda a linha da criação, o nascimento, a vida e a morte. É saber que fomos feitos para voltar de onde viemos, aos domínios da mãe.