Desde que me conheço por gente falo com espíritos. Tanto do lado de meu pai como de minha mãe há uma considerável fila de benzedores e médiuns na família. Homens e mulheres que ouvem o sussurro do invisível, que canalizam a força da vida e que curam.
Ainda criança me acostumei com a “loucura” de mudanças repentinas de humor de alguns parentes, a manifestações grotescas de comportamentos masculinos em corpo de uma mulher, de encurvamento de postura acompanhado de uma fala analfabeta carregada de sabedoria e compaixão.
Era gente que recebia espíritos em meio a cantos, oferendas, tambores, fumaça e rezaria. Foi num terreiro que descobri que a vida não tem fim e que as vidas são muitas. Ainda criança a busca pelas respostas de “quem sou eu? E o que vim fazer aqui?” começava.
Por mais que eu tentasse resistir ou fugir da minha sina, meu destino não poderia ser outro. Na minha adolescência, as manifestações metafísicas começaram e ouvi o primeiro chamado da espiritualidade. Demorei a aceitar – como excelente rebelde que sou. Minha mente racional queria justificativas e sentido naquilo. Passei pelas igrejas Católica e Presbiteriana, pelo Kardecismo até voltar para aonde tudo começou: num terreiro. Comecei puxando ponto, depois comecei a tocar tambor e um tempo depois a “receber” espíritos.
Ali permiti que a força da consciência superior atuasse através do meu corpo físico. Entreguei-me (com certa resistência) à maestria e generosidade de um preto velho chamado Pai Rei do Congo. Fui testemunha (inconsciente) de muita cura, desobsessão e à manifestação de amor extra humano. Isso me fazia ter certeza que não era eu ali: a capacidade de sentir compaixão por um total desconhecido.
Todavia, a religiosidade não era suficiente pra mim. Ser “apenas” um veículo não bastava. Eu sentia que algo ainda faltava, que minha missão era outra. Além disso, tinha uma crença que colocava carreira e espiritualidade como antagônicas. Viver financeiramente da prática espiritual então era quase um pecado para mim. E na época eu precisava me sentir “alguém”, ter um título. Então, foquei em ter sucesso, em “ganhar dinheiro” com minha formação acadêmica em Comunicação Social e até arrisquei mais e fui morar um tempo no exterior.
Nem preciso dizer que consegui esse sucesso depois de alguns anos, porém estava deprimida, sem brilho e sem sonhos. Principalmente porque me conduzi pelo ativismo social e ambiental – temas que trazem à tona a pior faceta do ser humano. Estava incrédula quanto à evolução espiritual da raça humana.
Contudo, como a vida é uma mãe generosa, me apresentou a um Caminho espiritual de raiz xamânica com foco no autoconhecimento. Um novo horizonte se abriu e desta vez com o suporte dos elementos da natureza e de um mentor no sul do Chile. Nascia assim a Kenuvi.
Com as ferramentas dessa linhagem andina passei a me integrar, recuperei minha energia, autoestima e pude me reconectar com a missão que vim cumprir nesta existência. Isso sem me desconectar com a vida na cidade. Pelo contrário, consegui equilibrar essas duas realidades a ponto de me sentir triunfadora com tudo que conquistei e representei na sociedade.
Nessa trajetória também agreguei conhecimentos de astrologia, alquimia, física quântica e uma formação em Hatha Vinyasa Yoga. Saberes que ampliaram meu entendimento sobre essa rede energética que nos une e minha conexão com o divino. E claro, uma boa terapia convencional para aperfeiçoar as emoções e biografia desta existência humana.
Falar de espiritualidade pode soar esotérico demais ou muito distante do entendimento cartesiano ao qual estamos imersos. Por muitos anos e por várias gerações nos fizeram acreditar que estamos separados ou divididos. Mas na verdade somo um só, pois tudo é energia.
Toda essa bagagem me apoia hoje a oferecer profissionalmente um serviço de canalização para seres de cura com os instrumentos que aperfeiçoei ao longo da minha vida: meu corpo e minha voz; oferecendo trabalho de limpezas com as plantas, banhos, benzimentos, rezo, cantos, defumação, sauna sagrada e outras atividades especiais.
As sabedorias e medicinas africana, indígena e andina também compõem meu repertório de atendimento para quem precisa de apoio espiritual, dentro da “matrix” (da realidade material). Ofereço o que vivi, estudei e experimentei e que me ajudou a despertar, a encontrar meu caminho, minha missão e a fazer desta, uma vida valiosa. Meu propósito é aquecer a vida das pessoas com o fogo sagrado de conexão espiritual, transbordando o que há de melhor em mim.